Tenho estado sempre atenta ao que se tem falado sobre estes últimos ataques de cães e pensei muito se deveria escrever ou não, visto que já se disse muita coisa e não quero fazer deste texto uma carrada de palavras baratas. Mesmo assim, e não querendo tornar estas histórias puro falatório e debate sem levar a lado nenhum, quero deixar aqui também a minha opinião em forma de resumo e quem sabe talvez ajudar a desconstruir coisas mal fundamentadas.
Ao longo da história sempre aconteceram ataques entre animais e Homens e não é por isso que devemos estar aqui a especificar raças, catalogar cães e pessoas ou a especificar pormenores físicos de ambos. Existem cães de raças PP`s (potencialmente perigosas) que nunca morderam e cães sem raça definida ou de outra raça que já atacaram pessoas e outros animais. Eu própria já fui mordida e o cão que me mordeu pesava menos de dois quilos. Na realidade a coisa que mais importa aqui é prevenir e evitar situações que acabem muitas vezes em tragédia.
É evidente que cães de grande porte e com uma mandíbula mais potente causam maiores danos físicos numa pessoa do que um cão pequeno. Contudo o problema, mais uma vez digo, está na educação e não no cão/raça.
O que me interessa aqui não são culpados, interessa-me a educação do cão, os conhecimentos necessários que um dono deve ter para coexistir com o seu cão dentro e fora de casa. A racionalidade do seu dono. Se todos os donos tivessem o conhecimento devido sobre o comportamento animal e o treinassem, muitas situações seriam evitadas.
Acho que todas as pessoas que decidem ter um cão deviam ter o conhecimento suficiente sobre as características das raças que gostam e perceber que tipo de cão tem mais a ver com a sua personalidade e estilo de vida. Uma boa simbiose e educação evita enormemente os problemas e permite uma vida em conjunto com muito mais qualidade e alegria.
Nós nunca podemos garantir que o nosso cão não morda. É injusto e irresponsável se assim o fizermos. Ele é um animal como nós humanos também o somos e erramos. O que devemos fazer é treinar, educar e ter consciência da personalidade do nosso cão. Saber o que ele gosta, o que não gosta, se está habituado a crianças, o que o assusta, o que o faz correr, saltar, morder, ladrar… não podemos prever e controlar tudo, mas se tivermos uma relação e educação positiva e constante, podemos antever grande parte dos comportamentos.
Eu como amante de cães que sou, prefiro respeitar os outros e perceber os limites da minha vida com o meu cão em sociedade. Só construindo o bem-estar de todos é que estaremos a dignificar o mundo cão e a mostrar a beleza destes animais. Muitos deles hoje em dia trabalham para nós de uma forma digna e sem tréguas. Cães guias; cães de assistência; cães polícias; militares; busca e salvamento… entre outros.
Para resumir, o cão e a criança aqui não têm qualquer culpa e deixa-me muito triste a dor e o medo de uma criança, bem como catalogarem raças ou atitudes de um cão sem treino. Fico destroçada. A relação de um cão e de uma criança pode ser uma das histórias mais bonitas de uma vida, contudo temos de ter consciência e sabermos se estes dois seres sabem conviver em conjunto. É importante também voltar a relembrar que nem todos os cães foram habituados a conviver com pessoas sejam elas adultas ou crianças e que em alguns casos, alguns são maltratados com treino aversivo e até muitos apanham tareia e vivem todos os dias acorrentados. Justo? Não me parece e acho impossível julgar-se cães neste estado.
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